quinta-feira, 23 de julho de 2009

Perversidade

Impossível descrever o quão perfeito tem sido. Naturalmente simples; Ironicamente complexo. Um laço de sentimento eterno atado desde o primeiro contato.

Por que me trouxe lembranças que dinheiro algum no mundo poderia pagar? Perversidade! E graciosamente preencheu a minha casa de felicidade, contagiando-me com teu melhor sorriso sincero e descomplicado.

Exagero meu? Não agora. Desejo apenas estar vivo por tempo suficiente para recompensar-te. E aquele sapinho permanecerá no mesmo lugar... Só pra lembrar que ali você esteve e, como nenhum outro, deixou a sua marca.

Agora sei qual o tempo necessário para dizer que se ama. Obrigado por mais um dia ao seu lado.

SN151825

sábado, 13 de junho de 2009

VariAções

Só pra lembrar que assim é assim, e não assado;

Reforçar que assado é assado – mais desidratado que cozido;

Explicar que cozido não é cosido (sinônimo de costurado);

E imaginar que costurado é costurado, se o for o tecido;

Porque tecido é tecido, às vezes chamado de pano;

Mas aquilo que chamávamos de pano se transformou num grande plano quando um “L” foi introduzido.

As coisas são como são. Nem sempre como gostaríamos que tivessem sido...

SN151818

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Pré-fixo

"...e no meio dessa tempestade, um par de dúvidas siamesas me ocorre: É possível amar um descarado, ou criar neologismos explorando palavras vindas de outras trajetórias? No pensamento de um insônido tudo é provável e pouca coisa impossível."

SN151806

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O Jogo da Pequena Roupa

Clichê demais é perceber tarde que todo fim é precedido por um começo; toda ordem por um caos; todo vento por um movimento. E nesse desastroso jogo só se perde o que se ganha, se tamanha é a irregularidade entre os patamares do (mal)dito sentimento.

Não enfeitamos nossa casa imaginária com meras palavras bonitas ou utopias em sequência. Vesti, no entanto, a pequena roupa do sonhador, esperando que ela ainda coubesse no corpo exagerado de minha consciência limpa.

Por puro medo ou desobediência... Apenas tentei acreditar que o impossível era possível, somando um e um para encontrar número ímpar.

Nutrindo esperança, desejo ver ainda o final da reta. E quando as linhas se cruzarem, será permitido olhar discretamente para trás. Mas não haverá lamentações por ausência de tempo ou oportunidade para marcar a caixinha correta.

SN151757

*Abraço você forte*

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Começa com A…

Então lhe permito reunir o número máximo de palavras para que enfim possa entender o que isto significa. Disseram-me, certas vezes, se tratar de uma troca; Uma troca de conforto, de lealdade, de confiança, sobretudo de verdades. Permita-me, porém, pedir-lhe que reserve mais um tanto de palavras para explicar por que se passou tanto tempo sem que eu pudesse encontrar o mencionado. Talvez estejamos tão embebidos em nossos próprios interesses, que mal temos tempo de observar que existe uma troca.

Pra ser sincero, escolhi viver sozinho. Planejei buscar em mim o que sonhava encontrar no outro. Uma troca justa entre mim e eu. E de fato percebi que com esforço era possível. Mas alguém atirou uma pedra para cima e acertou a minha janela. E ainda que eu quisesse me desfazer daquela pedra, isso já não seria possível. Ela se tornou maior do que o estrago feito na minha janela.

SN151613

segunda-feira, 23 de março de 2009

O Zelador Da Casa Vazia

Esse de quem vos falo tem agora merecida fama, apesar de sequer ter conhecido o outro lado de onde sempre esteve. Bravo anônimo que dedicou todo o tempo que lhe foi conferido a zelar daquela casa vazia.

Alimentando guardiões e tecendo o manto da penumbra para profaná-los em silêncio. Acumulando nas extremidades poeira e massa enegrecida, observando cada movimento úmido das porções bem definidas.

Como um pilar abalado, uma farsa construída. Âncoras e escoras sustentando memórias parcialmente vitrificadas. Que não cominou prazos, nem teve pressa. E buscou respostas que, se não muito interessam, em nada alteram o conteúdo de uma página lida.

Houve marca de felicidade em cada azulejo que por hora o pertenceu. E como prova de fidelidade, aprisionou nas paredes seus fantasmas e melancolias.

SN150948

quinta-feira, 19 de março de 2009

Imperfeito

Contar-lhe-ei uma mentira. Dar-te-ei ilusão. Faço uso de linguagem esquecida por puro capricho, além de convicção. Se a alma é um labirinto, o corpo é redução. Sorte daqueles que possuem uma bússola no lugar do coração.

Sou assimétrico, incompleto. Cultuo o exagero e vivo em guerra pacífica com a emoção. Metáforas, hipérboles... Figuras espremidas no imenso vazio do que aqui não será mencionado por falta de palavra, conceito ou definição.

Boa lembrança, sinônimo de saudade. Sonho: artigo de prateleira. Quem sabe o que é a felicidade quando um sorriso não devora o rosto, rasgando os lábios em expressão verdadeira?

Esqueça toda a vaidade e eu te contemplo. Seja inteiramente superficial e eu te sublimo. Só não cometa o erro de achar que a verdade é sempre uma virtude. Palavras só têm valor acompanhadas de atitude. Não se surpreenda se eu disser que sempre estarei mentindo. Sou imperfeito, ou um tanto mais que isso.

Dead Gardens cel

A Porta

O que há por detrás daquela porta? Tantos já passaram por ali... Cheios de medo, angústia, esperança; Fartos de alegria, perseverança. Gente com fé no minuto seguinte.

O que há por dentro daquela porta? Vestígios de uma trajetória inerte, mutilada e tingida. Simetria artesanal, trabalhada em prol de vidas vazias.

Dói-me pensar que, fora do contexto, a porta é o que menos importa.

SN151424

Insonidade Primeira

Escrevo enquanto a honra inversa gira fazendo ressecar o meu pensamento. Há um controle de velocidade.

Obstáculos sortidos que limitam ou sufocam a reta visão revelam caminhos à esquerda, à direita; Pontos de luz misteriosos reduzidos a um único tom de vermelho para recusar o meu desassossego.

Números pares se foram favoritos em tempos de sombra pública das formas repetidas. Há uma ordem no que vejo.

O curvar de minhas pernas mostra enfim e agora o quanto posso mergulhar em fundo abismo ou voar em grande altura; Ouço o choro de lá fora enquanto cresço.

 

SN151429